segunda-feira, 21 de junho de 2010

Medo de Infância.

Encaro um artefato de meu passado,
entendo que há uma distância que nos mantém separado,
e que pode ser transposta; lembrar:
Tornar-perto, aproximar.

Porque já entendo que não há o físico
e o sensitivo....
Só há o sensitivo, físico é uma ilusão!

Vejo o barco, com olhos de observar,
e não é menos real do que o dos olhos do ser.
E ambos são os mesmos!

Assim é como eu alcanço este barco desta pratilheira tão alta, transpondo a barreira do espaço, me torno criança de novo com um barco com piratas e bolas perereca nos compartimentos de munição para os canhões, transpondo a barreira do tempo. E agora eu realmente vejo o canhão ideal. Brinco com os piratas ideais, tenho tato do material ideal de que é tudo feito. Ouço a voz rouca do capitão, convocando todos ao convés. Sinto o sabor da água salgada. E cheiro peixe morto.

Merda!
Estou na prancha!!

Mas já aceito este lugar, e penso que tomar o primeiro passo para o eterno e infinito é uma boa ideia.

Já até entendo que o eterno é a ausência de tempo!
até entendo que o infinito é a ausência de espaço!
Gostaria que não fosse. Mas, assim como é agora,
vai continuar sendo em qualquer maldita hora:
Nem há escapatória.

No meu ideal de infância, sou morto.
Eu me lembro disso, de sonhar o meu enterro.
Ó, estúpido, a quantos anos chora seu enterro?
Seu medo de morrer, seu masoquista.

E a dama de belos olhos que roubou meu sono?
Ela fez isto com um pesadelo.

Desde que me lembro, não sou mais meu dono.
Nem sou dono dela, nem nunca vou ser,
ela não manda nada, e eu quase nada obedeço.
Tudo o que ela pede eu faço, a tenho enorme apreço.

Ela dentro de min, é uma. Ela fora de min, é outra.
Renasço, tempo e espaço.

Ela é a mesma pessoa,
e mato o espaço.
Ela nunca mudou,
e mato o tempo.

Ela nunca é a mesma pessoa,
e mato ela.
Ela sempre muda,
e morro.

Eu nunca chego ao final de uma história longa!
Observa como ela só se alonga,
prolonga,
eterna em delongas?

Concluindo:

Eu nunca tive medo da Cuca...
Tive medo da morte.
Eu sempre vivi os meus sonhos,
realmente me machuco neles.

Nenhum comentário:

Postar um comentário