segunda-feira, 17 de maio de 2010

A lógica dos elefantes

Elefantes moribundos, pressentem a morte. Eles a reconhecem, assim como nós, humanos. Quando muito velhos ou doentes, se desprendem da manada, e se direcionam para um cemitério. Lá, aonde não são um empecilho para os outros elefantes (familiares e amigos), morrem sozinhos. Os cemitérios de elefantes, lugar triste e devastador.

Muitos vêem nisso um ato altruísta. Dizem os elefantes como sábios. Porque eles conseguiriam colocar o coletivo a frente da sua existência.

Eles entendem a morte. Será que entendem o amor?
Com que amor eles deixam para trás a vida, privam aos outros e a sí mesmos dos seus últimos momentos?

A lógica dos elefantes é a lógica dos que não dão valor a própria vida. Que não entendem que a sua vida não se restringe em si mesmos,que não vêem realmente os outros.

É a lógica dos dopados, derrotados,, que fogem a luta por terem medo da dor. Eles não entendem muito de dor.

A dor é necessária, o amor é indescritível porém inegável, a vida é um banquete. Os elefantes largam o banquete sem estarem satisfeitos, deixam restos. Não percebem o valor deles mesmos, não realmente entendem aqueles outros que vieram ao mundo com nada mais que um marmitex.

O banquete dos animais é uma partilha. O animal isolado guarda o seu banquete. O que não seria necessariamente idiotice, mas é já que um jantar a luz de velas em solitária não tem gosto. Eles apagam as velas e vão se recolher para o nunca mais.

Corajoso? Existe uma ténue linha separando a coragem da estupidez.


Os homens são diferentes.
Eles podem entender a dor, guerrear a vida com prazer em seu corpo sangrar. Eles conseguem perceber no sofrimento um caminho para o crescimento. Seus dentes doem quando crescem, seu corpo arde com uma ressaca e a morte nos causa a pior dor, a angústia.

E isso tudo é louvável! Isso tudo nos torna mais humanos. O humano que vê a morte, observa o quão bom é viver. Talvez porque desconheçam o post-mortis, mas em vida isso não interessa. Absolutamente. Nem para os malditos elefantes isso interessa!

O humano, enquanto humano, tem como objetivo a sua humanidade. O objetivo de sua vida é único e somente viver, de resto é consequencia. E que o depois venha o mais tardar possível...
Quem não entende isso nunca esteve próximo o suficiente de sua existência.

Apesar disso, o humano pode fazer como o elefante. Jamais ira conseguir dar o sentido que um elefante da ao ato de se enterrar em vida, pois conhece algo diferente. Ele conhece a vida pela visão antropológica. E toda a razão universal é uma farsa, o homem é sozinho no grupo. Fora do grupo não é.

A lógica dos elefantes não se aplica aos homens.
Os elefantes só são sábios dentre os elefantes.

A distância entre os humanos que se amam, só ajuda a idealizar mais. A morte de um ideal é mais forte que a morte do real, não há nenhum altruísmo no isolamento.

O homem deve tomar a parcela de sofrimento que lhe diz respeito, nem menos nem mais. Sem martírio. Resignadamente, leve o seu soco e, se quiser, soque de volta. Mas não empurre seu corpo na direção do golpe para senti mais dor. Não há lição no masoquismo.

Fuja ao cemitério dos elefantes!
Viva até o ultimo momento que lhe é permitido pelo acaso. E NUNCA idolatre um "elefante". Eles são super valorizados.

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